25.1.09

shhhhhhhhhhhhhhh

...é o mesmo som que escuto quando a tv sai da sintonia e eu, preguiçoso, permaneço na cama olhando pros chuviscos incessantes e nervosos... assim como foi o mesmo som que você me fez pra que eu calasse a boca, eu que vivo reclamando das coisas e te fazendo cobranças sem sentido. Sim, porque se não há nada combinado, assinado e lacrado, não há nada que eu possa fazer (não é mesmo?). Nós dois sabemos. No entanto, sou eu quem perde o sono em madrugadas chuvosas e ruidosas – o volume sempre mais alto do que deveria; tenho de aprender a programar o sleep de uma vez por todas... E os textos que ando postando por aqui? Pura confusão, pura lavação de roupa suja, sentimentos puídos e neuroses requentadas. Há muito não posto nada ficcional (apesar de todos os textos o serem...), mas digo ficcional no sentido outro da coisa: aquele em que transmutamos as nossas dores em estórias, em poesia. É nesse sentido que falo... Não consigo, porém. Ando muito enferrujado pra isso, muito enrolado comigo mesmo, também. Tudo que tento me parece meio desarranjado, disforme, e acabo invariavelmente frustrado – como agora... - e jogando aqui essas confissões sem cabimento. Como sempre. Não me admira que esse mundo ande cada vez mais desértico (se eu mesmo ando assim...). A última noite, que era pra ser de festa, fiz com que se tornasse um pesadelo ambulante. Incrível como a gente consegue se machucar ainda mais justamente quando tentamos disfarçar as nossas feridas. Burrice a minha, fica tudo tão mais evidente... E explosivo. No fundo no fundo, eu sabia que não ia dar certo. Eu sabia que as coisas se complicariam. Nada é tão simples quanto parece (e deveria, na verdade...) ser. Acabo sempre no meio do caminho, entre versões antagônicas dos mesmos fatos. Ninguém parece se importar. Às vezes penso que realmente as pessoas têm se importado cada vez menos. Com tudo. Com todos. Mas eu não sou assim, não consigo. Sou de falar, de abrir o jogo, colocar as cartas na mesa. Talvez devesse aprender a blefar como os outros. Em vez disso, continuo me cortando na ponta da faca que insisto esmurrar. Tenho todo um infinito particular que ninguém quer. A verdade machuca, eu sei. Quanto mais (pretensamente) desenvolvida a raça humana se torna, mais dissimulada a face, até porque... shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! E dessa vez não foi a tv ou você. Foi mesmo a vizinha querendo dormir...

- música do post: “infinito particular”, Marisa Monte

2 comentários:

Bill Falcão disse...

Cuidado com a vizinha, Alex! E vc se sente enferrujado porque ficou um tempão longe do blog. Com o tempo, sua habilidade volta!
Abraços!!!

Érica disse...

Alex, se tem uma coisa que eu posso dizer eh que nao importa o quanto nossas lembranças nos assaltem e nos confundam, ou quanta reflexao façamos em determinados momentos (em parte digo isso pq vc pareceu refletir bastante sobre meu post), nossos blogs ainda precisam de nos...rs

por isso nao suma