30.1.08

shangri-(lá) eh aki

...às vezes temos a impressão de que tudo o que precisamos é ir pra bem longe. Bom, eu nem poderia me excluir desse time, pois até há bem pouco tempo lá estava eu fazendo planos loucos e mirabolantes de viajar, sair por aí, sumir uns tempos, ir... ir pra onde, cara-pálida? Não, nada de lugares comuns (com trocadilhos...), e sim algo exótico, com paisagens estonteantes e clima paradisíaco. Certo, eu já tava decidido. Massss e o dinheiro pra isso? Porque vamos combinar, um "passeio" assim deve custar no mínimo uma fortuna. E outra, que lugar seria esse? Eu sei lá... tome google na veia pra descobrir. Quase naufragando nesse mar de bits, bytes, kb, mb, etc, encontrei inúmeros oásis, todos com belíssimas praias, sol, muita sombra de palmeira e água (de coco) fresca. Infra-estrutura perfeita, acomodações de 1º mundo, os melhores drinques e as maiores frescuradas que se pode imaginar. Onde ficam? Ah, o Brasil é enorme, cheio de litoral e matas; espalham-se desde o Rio ao Amazonas - ou mais, vai saber. Sem exceção, atendem pelo "nome" (ou melhor, "gênero") de resorts. Curioso que sou, na hora me perguntei: mas o que diabos é um resort??? Estamos tão acostumados a certas coisas, incluindo-se aí essas nomenclaturas e expressões importadas, que nem nos damos conta do que realmente significam. Pois bem... segundo o meu +- Michaelis, resort é "um lugar muito freqüentado" (?); também pode ser uma "reunião" (??); ou um "recurso, refúgio" (???); ou mesmo, ainda, ser usado como verbo, em cuja acepção significa "ir, freqüentar, recorrer, valer-se de" (????). Não entendi nada. Talvez seja um problema do meu dicionário, que reconheço não ser lá essas coisas. Ou então - como fiquei pensando - os tais resorts podem até oferecer muito (claro, se você tiver a grana pra bancá-los...), porém me parecem redutos de gente muito estressada, meio de mal com a vida e que não têm imaginação suficiente pra criarem suas próprias fantasias; por isso compram uma (e olha que é beeem caro...). Enfim, a conclusão a que cheguei na verdade é bem simples - e óbvia: nós fugimos é de nós mesmos. Temos uma necessidade absurda de correr na direção contrária a do espelho. Dificilmente gostamos de nos encarar - e mais, de nos enfrentar, perceber o que tá errado com a gente mesmo e... Mudar!!! Tá bom, eu sei que isso tá parecendo papo furado de programa vespertino da rede tv!, bandeirantes, sbt ou qualquer outro desses canais que apostam nesse filão, massssssssssss... vamos combinar de novo: no fundo no fundo, eles até que têm alguma razão. Por que eu preciso me mudar "espacialmente" pra me sentir melhor comigo mesmo? Pra que ir pra algum desses paraísos artificiais pra me sentir falsamente outro durante 1 fim de semana apenas, sendo que depois tudo vai dar na mesma... Motivo: o problema tá é comigo, dentro de mim, dentro de nós... e isso, ah, isso nenhum resort resolve (em qualquer das suas acepções...). Em vez de me endividar até a última ponta dos meus cabelos cada vez mais brancos (e eu ainda tento disfarçar que, na verdade, estão mais loiros), por que não mudar o meu próprio ambiente - e, com isso, a mim mesmo? Começando pelo meu quarto. Não é necessário muito - um belo arranjo de flores em cima da estante, uma arrumada nos livros e cds, encontrando outras disposições pra eles (uns podem ficar em diagonal, os demais um em cima do outro, sei lá); tirar o pó da tv, mudar a cor das paredes, arrumar o armário, livrando-me daquelas tralhas que sempre me incomodaram; arranjar outro lugar pra cama (claro, respeitando os preceitos do feng shui) e outras coisinhas mais, detalhes. Quem sabe aproveitar pra comprar uma ou outra nova roupinha, combinando com esse também novo estado de espírito, dar uma garibada no cabelo, usar aqueles piercings que nunca mais usei (ou pensar em botar outros...)... Enfim, descobri que há uma série quase infinita de coisas que podemos fazer pra nos levantar o astral e construir o nosso próprio oásis de mais calma e tranqüilidade (ou agitação, se você for uma pessoa agitada...). Não é preciso gastar fortunas, e sim um pouquinho do nosso tempo; investir em ações da bolsa? nem pensar (depois até pode ser), mas antes de tudo, em 1º lugar, invista em você. Eu tô descobrindo aos poucos que o mítico paraíso de Shangri-la é aqui, ao meu redor, no meu próprio cantinho. Um bom jeito de terminar janeiro, o mês das promessas: prometa - e cumpra! - achar o seu próprio paraíso, porque ele tá por aí, perdido com você, pertinho de você. Se quiser, depois me conte: onde é Shangri-la pra ti?...

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...+ 1, pá rá rá, + 1!!!...


...daqui a pouco terei de reconhecer como uma nova ocupação o ramo da filatelia... Por quê? ah, porque o inacreditável mundo de alex e! ganhou mais um selo pra sua coleção! Dessa vez o presente foi do Jair Eduardo, lá do seu "Bem-vindo à casa". Ele diz que "nosso planeta é nossa casa" e, como mundo e planeta são meio que sinônimos, esse selinho veio mesmo a calhar... adorei mesmo!!! Muito obrigado, Jair (ou prefere Eduardo? ai, eu sempre quis ter nome composto... que inveja)... Saiba que nesse mundo (ou planeta) cê pode se sentir como se estivesse na tua própria casa...

(...os blogs que indico a receberem esse belo selinho são:...

- deixa eu brincar de ser feliz?, da fofíssima Jaya;
- dominus, da mineiríssima Cris;
- caneta vazia, da sempre engraçadíssima Teresa...

...todos exemplos de que "nosso planeta é nossa casa", além de que nossos blogs são nossos mundos, e de que nesses mundos encontramos essas pessoas maravilhosas com quem compartilhamos nossas vidas, segredos, sorrisos, crises e neuroses também. Beijão pra todas vocês!...)


- música do post: "vilarejo", Marisa Monte

28.1.08

and the winner is...

...o inacreditável mundo de alex e! acaba de receber 2 selos muito importantes. Mais do que um sinal (aliás, 2) de que ando fazendo algo de bom (?) por aqui, são um termômetro do carinho que sinto pelas pessoas que os me concederam. Realmente uma inacreditável - e ótima - surpresa pra um rapaz que anda à procura de seu planeta perdido há pouco mais de um mês...Vamos então a eles:...

...o 1º que vi foi esse, dado ao mundo pela especialíssima Amanda Bia, lá do seu "É só saudade..."... Ela "diz que até não é um mau blog", e eu agradeço de montão. Obrigado, querida, não só pelo selinho, mas também por tanta força que cê já me deu durante a existência desse meu espaço esquisito aqui...

(...a minha 1ª indicação pra esse selo é o blog "Igualdade na diferença", que realmente não é um mau blog; é 1 blog ótimo!!!...);
(...a 2ª indicação vai pro blog "Relatos de uma guerra pessoal", que também tá longe de ser um mau blog, pois é igualmente ótimo!!!...)

...já a minha querida mineira Cris "Dominique", lá do seu "Dominus", além de fazer com que eu me entendesse de novo com Minas, também acha que o mundo é exemplo de um "blog cabeça". É, confesso que às vezes tenho alguns surtos pseudo-intelectuais mesmo. Simplesmente adorei esse selinho também...

(...1 blog que indico pra esse selo é o "Chá das cinco" que é, sim, super cabeça - e delicioso...);
(...outro blog indicado é o "Bem-vindo à casa". Além de cabeça, sempre me sinto hiper bem-vindo por lá...)

...enfim, eu até poderia anunciar esses meus dois primeiros prêmios "bloguísticos" como adendo em qualquer outro post, mas decidi reservar um especialmente pra isso, pra que tanto a Amanda quanto a Cris saibam como eu gosto muito das 2, e também como eu me sinto honrado por ter sido lembrado por vocês no momento dessas indicações. Obrigado mesmo. Espero algum dia poder retribuir o carinho e a força que ambas já me deram - e dão... - por tantas e tantas vezes. Tô até mais confiante e feliz hoje, sei lá, com a nítida e gostosa sensação de que tudo pode - e deve - se ajeitar... (tá vendo só, foram dar corda aqui pro doido...). Ahhh sim: saibam que qualquer coisa, o mundo de alex (e o próprio alex, claro...) estão às ordens, viu...

- música do post: "la vie en rose", Édith Piaf

26.1.08

síndrome da moeda (?)

...esse post é pura lavação de roupa suja. Mais que isso até, representa quase que um ritual de passagem: com ele, guardo umas coisas e enterro outras - e espero poder mantê-las assim pelo menos uns tempos. Como tudo nessa vida, as heranças também são uma espécie de ciclo. Pensem bem: a herança é um legado passado (e do passado!) de um certo alguém a você. O que não impede, porém, que haja, no meio desse caminho, algo ruim. O que quero dizer é que nem tudo o que fica é necessariamente bom. É claro que o "normal" é sermos tomados por aquela sensação nostálgica e que reveste as coisas com o manto do bem, em que todo mal é de súbito esquecido. Pois eu não penso assim... tudo tem dois lados. Não, isso não é sintoma de "síndrome da moeda" não, é apenas uma constatação mais do que óbvia, talvez, e cartesianamente comprovável com facilidade (afinal de contas, não foi assim que Newton descobriu a gravidade?). Assim como o que sobe tem de descer, o que começa tem de terminar. Eu sei eu sei, a Disney incutiu nas nossas cabeças durante décadas que, no final da estória, há um happy ending e, pior!, que ele dura pra sempre. P-R-A S-E-M-P-R-E ! ! ! Sintam bem o peso disso... Bom, eu não quero (mais...) carregar esse tipo de responsabilidade nos meus ombros tensos pelo estresse diário. Enfim, fora desse imaginário made in Hollywood, o que nos resta - de resto mesmo, igual ao de comida requentada - é a pura e simples (e, muitas vezes, enfadonha) realidade, cuja noção de término está embutida. Não quero entrar aqui em termos filosóficos de porta de banheiro de botequim, dizendo coisas do tipo "mas é assim mesmo, a morte é a única certeza da vida", até porque se ditado, conselho ou lugar-comum fossem bons não seriam dados de graça, e sim vendidos. O pulo do gato é que a questão da herança se insere perfeitamente nesse caldo knorr. E por quê? Ora, simples como tomar sopa: a gente só recebe herança de alguém (ou algo, vai saber) que não existe mais. E que, por isso, temos de guardar, preservar de alguma forma. Como sou minimamente organizado e neurótico, resolvi separar em duas caixas as heranças que me ficaram de um relacionamento longo e de altos e baixos: numa, escrevi "caixa" mesmo, em que ficam as coisas boas que passaram; na outra, escrevi "caixão", obviamente porque tenho o intuito de enterrá-la. Bom, não vou dizer que o processo foi fácil, seria mentir com a cara mais deslavada desse mundo. Até porque vocês sabem muito bem que esse tipo especial de herança não é registrado em cartório, não tem firma reconhecida e nem mesmo precisa passar pelo tabelião... ou seja, a tarefa foi toda minha - mexer em tudo o que tava misturado, separar o bom do ruim (o que às vezes se torna algo difícil, já que não tenho experiência nisso e muita coisa acaba se confundindo), fechar e lacrar cada caixa. Bom, tive muita sorte de notar que, no final das contas - e de todo o processo, da papelada e afins, a caixa escrito "caixa" tava bem mais cheia, na verdade abarrotada de boas lembranças, ótimos momentos, fotos, poemas, presentes e um amor de que vou me recordar sempre que achar nunca ter sido feliz, pois eu fui... já a outra, o "caixão", ficou somente com umas poucas mágoas e rancores dos quais quero me livrar o quanto antes. Quer saber, nem vou enterrá-la não, vou cremá-la até que se transforme em cinzas, micro-partículas ínfimas de coisas que sequer arranham o volume imenso do que guardei de bom pra mim. Planejo jogá-las num lugar bem bonito - mas que tenha água, que a tudo purifica. Talvez não direto no mar, porque correm o risco de, mesmo se desfazendo, voltarem pra mim. E não, não quero mais essas mágoas e rancores e raivas e sei-lá-mais-o-quê de volta. Um rio. Isso. Jogarei essas cinzas num rio, bem pra longe, sempre correndo, sempre pra frente, adiante, avante, shazam! Assim, quando finalmente chegarem ao mar, estarão já tão diluídas que não vão poder fazer mais mal a ninguém. Inclusive mesmo a mim... Eu entendo que talvez nada disso faça muito sentido pra vocês ou desperte algum interesse relevante, mas saibam que eu precisava exorcizar essas coisas, justamente pra virar o disco e tocar essa vida adiante. A partir de agora, espero encarar o futuro (e o hoje...) de forma diferente. Como eu já disse aqui, tudo tem dois lados. E a lição que talvez eu possa tirar (e o propósito primeiro desse post) seja finalmente compreender que basta apenas a nossa atitude e a nossa vontade de optar por um deles. Se bom ou ruim, não importa, pois a escolha é pessoal. Aliás, sempre é mais fácil escolher, optar; o difícil é depois arcar com as conseqüências. Prefiro acreditar que cada um sabe o que faz... Bom, eu acredito que sei, opto e banco as minhas responsabilidades. Já acendi o fogo, as cinzas num instante ficam prontas. Espero só não me queimar...

- música do post: "pelos ares", Adriana Calcanhotto

24.1.08

1 outro do msm

...na verdade, o título desse post seria "2 kras". Porém não queria que ninguém entendesse ou sequer achasse que era por alusão ou alguma analogia à trama global. O que quero dizer com esse texto é simples (e quem sabe por esse motivo, complicado...): todos nós sabemos que não somos apenas um só indivíduo, e sim um amontoado de "eus" diferentes que, apesar de dividirem o mesmo teto (ou seja, a nossa própria cabeça), muitas vezes não compartilham das opiniões, gostos e, em alguns casos, até o caráter e a personalidade desses "outros" que, em última instância, são partes de nós mesmos - e com os quais freqüentemente brigamos, discutimos e queremos ver pelas costas. Sendo assim (e admitindo que grande parcela dos que me lêem pensam de maneira mais ou menos parecida), concluo que não seria surpresa admitir essa realidade - ou identidade? - partida pra todos. Claaaaaro que sim, certo? Nem sempre. E digo isso porque experimentei na pele o que é dar de cara com um outro do mesmo. Explico-me: tenho dito nos últimos posts que sofri uma decepção muito grande, patati patatá, e que tava completamente surpreso com isso, coisa e tals... massss, parando bem pra pensar, me dei conta de que tava P da vida não com aquela pessoa que aprendi a respeitar, amar e por quem me apaixonei há tempos atrás. Eu tava possesso era com uma outra face que eu não conhecia dessa mesma pessoa, e que se revelou justamente sob um momento de estresse, na pressão e no calor de uma briga requentada por sapos engolidos que jamais se tornaram príncipes. O resumo da estória? Bom, num primeiro momento, ódio, raiva, rancor e tudo o que de pior se pode desejar a alguém (e o que não se pode também...). Depois dos efeitos, raios e trovões da tempestade, no primeiro momento de calma vi que estava completamente equivocado. Eu não tava daquele jeito por causa do "outro" que eu ainda não conhecia... aquilo era "simplesmente" orgulho ferido, pelo fato de ter sido supostamente "enganado" por quem num belo dia passei a confiar tanto. E não, não fui. A pessoa que conheci e que amei e compartilhei momentos inesquecíveis da minha vida continua lá, intacta, em algum lugar (e principalmente nas minhas lembranças). Esse "outro" é somente 1 dentre dezenas, centenas ou milhares de faces que todos nós temos - inclusive mesmo essa outra pessoa. O problema é que talvez não nos damos conta de que tudo o que se passa conosco e nas nossas cabeças perturbadas também pode se passar com os demais, nas suas próprias mentes neuróticas. Afinal de contas, além de sermos conceitualmente todos iguaizinhos, ou seja, humanos cheios de virtudes - e também defeitos -, quem ainda duvida sermos igualmente um amontoado de descargas elétricas cujos curtos naturais são capazes de produzir (d)efeitos diversos? Freud tá aí, quem sabe explique... Enfim, depois de todo esse papo enrolado e pretensamente pseudo-filosófico, deixo claro que tô com a consciência limpa e tranqüila, sem remorsos nem nada. É sério, tanto até que já consigo me dar bem com o tal "outro", nos falamos, conversamos sobre trivialidades, desejamos "boa noite" e "te cuida" mutuamente. Por quê? Porque sei que não falo com aquele outro alguém que um dia conheci. Esse tá morto - ou seria melhor dizer escondido? Não sei, apenas que não sou tão frio e racional assim. Às vezes tenho recaídas loucas, vontade de me humilhar novamente em busca de um "eu" que talvez nunca volte pra mim, de exigir, mandar, gritar que retorne e me ame imediatamente, como se fosse uma criancinha mimada. Tudo dentro da normalidade, massss, bem lá no fundo, sei que de nada adianta. É muito sofrido esquecer. Por isso já disse logo de cara que nada aqui se parecia com novela. Muito pior: é a vida...

- música do post: "atrás da porta", Elis Regina

22.1.08

entaum, amigos?

...bom dia, tristeza, como vai? Bom, eu vou bem (dentro do possível, claro), mas queria dizer que agora não tenho nadica de nada contra ti, por isso não sei porque anda me perseguindo tanto ultimamente. Essa é uma carta de reconciliação - ou de pazes, trégua, sei lá, chame e entenda como quiser. Que fique claro apenas (e por favor...) que não quero mais brigar contigo. Já percebi que não adianta me espernear, arrancar os cabelos, chorar e sofrer por coisas e alguéns que jamais vão voltar. Momentos passam, o tempo não pára (salve Caju!)... Enfim, tristeza, eu gostaria muito de aprender a conviver contigo de forma pacífica - ou pelo menos sem as rusgas que experimentamos nos últimos tempos. Tudo bem, eu sei que sou uma pessoa turrona na maioria das vezes, genioso até dizer chega... mas entenda que não faço por mal. Eu de fato achava que tava tomando as decisões mais certas em determinadas circunstâncias, e também achava que fazia tudo em nome de algo "eterno". Coisa muito indigesta de se dizer a essas horas (ou em qualquer outra), cê deve tá pensando; acontece que eu não levei em conta a tua presença muitas e muitas vezes, o que explica imenso a tua mágoa com relação a mim. O problema é que eu não queria te aceitar, pois aceitar você seria o mesmo que me ver derrotado, combalido, menosprezado pelas minhas próprias atitudes. E você sabe como eu não costumo lidar nada bem com derrotas - ou mesmo com falhas, seja lá quais sejam. Te peço desculpas - e sinceras, do fundo do coração - por tudo o que eu já te fiz passar nesses meus 21 anos de vida. Logo você, que me acompanha desde sempre e tão de perto... como fui mal-agradecido... Agora entendo que cê só queria o meu bem e que, no fundo no fundo, nem queria se mostrar ou se vangloriar, ficando escondidinha até que eu tivesse um tempinho pra ti. O que quase nunca acontecia, já que eu de certa forma te desprezava e escondia no fundo do armário. Por pura vergonha. Bom, isso tudo cê já sabe né, não preciso ficar relembrando essas passagens dolorosas entre a gente. Quero reafirmar que não tenho mais nada contra ti, e a raiva que antes pensava nutrir por sua causa talvez fosse somente despeito, ego, orgulho inflado até estourar. Estou humilde, tristeza. Eu te aceito de braços abertos, minha querida. Foi preciso estar fragilizado e sensível como estou pra perceber que cê tava com a razão - que cê tem a razão de tudo. É contigo que desejo aprender a superar esses meus novos medos e traumas, a compreender e desculpar as traições e mentiras feitas contra mim... Não te renego mais. E espero sinceramente que, quando terminar de ler essa carta, aceite o convite que faço: venha me ver, deixei a porta do armário aberta pra ti. Sem rancores, sem armadilhas, o caminho tá livre e é seguro. Finalmente. Então, ficamos amigos?...

- música do post: "bom dia tristeza", Maysa

20.1.08

game over

...quando criança eu sempre sentia um alívio enorme ao "zerar" um jogo. Era como tirar um enorme peso das costas. Pronto, havia cumprido uma grande responsabilidade, pensava. Mas a gente cresce e, além da idade e das mudanças inerentes que ela (e outras coisas...) acarretam, as nossas responsabilidades também se tornam bem maiores. O que não deixa de ser verdade é que continuo sentindo um alívio enorme ao resolver um problema, ao cumprir com sucesso uma responsabilidade a mim delegada (e muitas vezes por mim mesmo). Acontece que, além disso, uma outra coisa não mudou desde então. Depois do tal alívio que o eu "pequenininho" sentia, esse mesmo eu em miniatura ficava com uma sensação estranha, como se uma grande falta o preenchesse. Só que isso era pensamento de gente grande, por isso esse eu (que era eu, claro) nem dava importância. O eu que agora escreve pra vocês deu tanta volta pra dizer que, nesse exato momento, sente o mesmo: uma grande falta, uma dorzinha que aperta no peito e que dá vontade de ficar sozinho, às vezes até de chorar. É claro que tô assim não por um simples jogo de videogame, e sim pelos jogos que a nossa própria vida teima em nos preparar, nos quais nos vemos envolvidos mesmo sem saber direito as regras. Ontem à noite tive uma decepção muito grande: uma pessoa de que gostava muito revelou-se outra, completamente estranha - e de quem tive bastante medo e raiva, por ter me enganado por tanto tempo. Mais um jogo da vida? Sim, mais um, que fiz questão de enfrentar com a cabeça erguida e com o mesmo ímpeto dos meus 10 anos, época em que todo mundo se acha invencível, o próprio super-homem. Superei as terríveis fases e enfrentei os "chefões" que me apareceram pelo caminho, até que consegui, novamente, zerar mais esse jogo. E foi duro. Na verdade eu já sabia que não ia ser fácil, mas morria de medo de desistir no meio da coisa toda e resolver deixar tudo como estava. Pensando bem, realmente não valeria a pena continuar me machucando e, de certa forma, machucando a outra pessoa também (até porque já não nos correspondíamos há algum tempo). Acredito ter tomado a decisão certa, pois senti o mesmo alívio de antes. Digo, do meu "eu" de antes, criança, menino, e que me inspirou a analogia pra esse post. Não me arrependo de nada do que fiz. Tenho minha consciência tranqüila. Dei o meu melhor, e gostaria de ter acertado. Gostaria também de que fosse pra sempre ("se lembra quando a gente/chegou um dia a acreditar/que tudo era pra sempre/sem saber/que o pra sempre/sempre acaba"). Essa música não sai da minha cabeça, assim como esses versos da Sophia de Mello Breyner: "Terror de te amar num sítio tão frágil/como o mundo/Mal de te amar neste lugar de imperfeição/Onde tudo nos quebra e emudece/Onde tudo nos mente e nos separa". Parti do videogame, passei pela música e cheguei à poesia. Vai ver eu tenha mesmo essa necessidade vital de ser eclético (e confuso?) pra tentar suportar a dor de um coração partido, de uma traição tenebrosa, de uma relação cujos cacos de felicidade recolhi e guardei numa caixinha dentro de mim. Fica talvez a mesma sensação estranha de antes, a grande falta que me preenche, preenchida ela mesma da saudade dos momentos bons que um dia vivi ao lado... ao lado de alguém que agora faz parte desse meu game over. Tudo nos quebra, é verdade Sophia, tudo nos mente e nos separa. Essas palavras ecoam dentro de mim. E como se faz pra vencer de repente um amor que não pode mais existir? Sei lá, ainda não cheguei a essa fase. Mas sou persistente, igual àquele garotinho de 10 anos...

- música do post: "felicidade foi embora", Caetano Veloso

19.1.08

do farol (por eqto...)

...os últimos dias foram de grandes mudanças. Como eu já havia dito, novos rumos foram traçados e decisões, cirurgicamente elaboradas. Bom, fico feliz em dizer que, até agora, meus planos estão dando certo (aliás, mais certo do que eu supunha a princípio). Apesar de alguns reveses - e estresses... - a mais, estou conseguindo me fortalecer e não deixar os abalos sísmicos externos a mim me descentrarem. Afinal de contas, os meus próprios abalos já me bastam. Sei que sou um ser paradoxal. Ao mesmo tempo que tô aqui, bem, me sentindo mais leve e mais confiante, uma tempestade ao longe se anuncia. Hoje é um dia muito importante pra mim. Dentro dos meus planos iniciais, até poderia dizer estratégico. Tudo bem que adiantei meu cronograma em 24 horas - mas por que temer se a maré tá boa, se o vento tá soprando a pluma adiante? Não. Aliás, SIM, vou arriscar - novamente, como venho fazendo... quem sabe a sorte ainda esteja comigo, quem sabe os dados me dêem vantagem mais uma vezinha. Ontem consegui um importante aliado nessa minha guerra particular - e aliado não, aliadA. E foi ótimo. Fiquei surpreso. Não esperava uma reação tão boa logo de cara. Por isso sinto que tô com tudo, e vô com tudo pra mais esse desafio: uma conversa longa e complicada, com direito a lances duvidosos e redemoinhos pelo caminho. Mas tô acostumado. Deixei de ser ingênuo e, cada vez mais, aprendi a navegar nessas águas turvas e turbulentas. Só espero que não me surpreendam. Vocês sabem, nossos algozes sempre guardam cartas na manga, e meu inimigo da vez me conhece profundamente. Poderia arruinar minha vida se quisesse. Se quisesse, eu digo, porém creio que prefira me ter na mão. Meu objetivo é claro: virar essa mesa, retomar o controle. Pra isso tenho de continuar agindo com confiança, cautela e método. É isso, as cartas agora são outras, mas continuam na mesa. E acho que tenho jogo pra ganhar essa parada. Depende de mim. Bom, desde o meu último post que acendi o farol. Até o momento tem dado certo, não me perdi nem me desviei do meu caminho, e os objetivos continuam claros à minha frente. Por enquanto. Quem quiser torça pela minha pessoinha aqui, eu agradeço. Quanto mais energia melhor. Assim o farol continua vivo por mais tempo. E eu também...

- música do post: "caçador de mim", Milton Nascimento

16.1.08

d propósito

...quando bolei o título desse blog, nunca imaginei que seria tão condizente ao que representa hoje em dia: realmente o meu mundo - ou mundos, seria melhor dizer... - é/são inacreditável(veis). Tudo me aconteceu do último mês pra cá. Foram reviravoltas inesperadas, sentimentos contraditórios, decepções inexplicáveis, rumos tenebrosos e (re)encontros malfadados, entre outras coisas estranhíssimas. Fosse eu supersticioso me desfaria de tudo no momento que me desse conta disso; cancelaria esses trechos cibernéticos (mais que recentes) da minha vida e..... e tudo voltaria ao normal, certo? Não, claro que não. Sem esse espaço, com que venho aprendendo a me compartilhar, extravasar e mesmo expurgar vez a vez, nunca teria conhecido as pessoas maravilhosas que conheci - e também seus extraordinários espaços (pedacinhos delas a que igualmente tenho acesso), suas palavras de apoio, compreensão, força e carinho. E, como a angústia tem me apertado ultimamante, tudo isso se converte em energia positiva que vibra em mim e me faz (ainda) acreditar. Em quê? Nem sei bem ao certo, mas pelo menos que a luz no fim do túnel é verde e cheia de esperança. Por isso decidi que não vou mais me deixar levar pela depressão ou pelo eterno drama, meus companheiros de costume. Chega. Tá na hora de mudar de ares - e de companhia. Hoje mesmo firmei novos propósitos comigo, tomei sérias decisões em relação à minha vida. A partir de amanhã as coisas tomarão os novos rumos - que não sei aonde vão dar, se direito ou esquerdo, mas é melhor que ficar parado, né, sem fazer nada pra me ajudar. Não que eu não tenha recebido ajuda, pois tenho sim. Mas chega uma hora que se a gente mesmo não se motivar, nada mais nos tira do atoleiro e nos resgata das trevas. Ando de mal com o "amor" - e não sei quando faremos as pazes... quero me entender de novo contigo, só que ainda tô muito machucado. Um dia voltamos a conversar, tá bom? não guardo tanto rancor assim, e nem por muito tempo. Não consigo. Sou naturalmente dócil, o que não quer dizer "domesticável" ou "alienável" (não, nunca mais... sofro na pele os efeitos malignos disso). Também não quero falar dessas coisas agora, coisas ruins que são; não preciso alimentar essa fogueira que já me rodeia. Coragem. Muita coragem é do que vou precisar pra empreender esses meus novos caminhos. Minhas decisões são delicadas, de difícil e imprevisível resolução; meus propósitos são claros, porém de inimagináveis reações. Tô trabalhando com fórmulas perigosas, alquímicas. E tô com medo, um grande medo de tudo explodir, ir pelos ares... Mas sei lá, quem sabe talvez isso seja melhor, pelo menos melhor do que me esconder como pensei fazer no início. A mistura tá aí; os dados estão nas minhas mãos, prontos pro jogo. É pagar pra ver. E de propósito, buscando o sol como o busca um girassol necessitado de sua luz. Verde, é claro... Mando notícias - do farol; ou do naufrágio...

- música do post: "a felicidade", Gal Costa

14.1.08

cantos (en)cantos em cantos

...adorei essa corrente desde o início, ou melhor, quando a vi pela primeira vez num blog (e nem me lembro mais qual foi...). Enfim, isso não é importante - o importante é que o Banco Real dá 10 dias sem juros no cheque especial do Realmaster... (desculpem a palhaçada, não resisti. Vocês lembram dessa?). É, estou com o humor um pouco melhor hoje. Sei lá, acho que descobri que o bicho não é tão feio assim se a gente quiser mesmo enfrentá-lo. Tá, isso parece papo de doido, mas sei que quem tá acompanhando esse blog nos últimos dias - e posts... - não vai ficar tão perdido assim (pelo menos é o que espero...). Bom, já que ando dispersivo hoje, vou direto ao assunto. Voltando: finalmente recebi uma "intimação" (talvez fosse melhor chamar de "convite", é menos assustador) pra participar dessa tal corrente que eu adorei logo de cara. Quem me convidou foi a Dominique, do blog Dominus (que tá linkado, vale a pena conferir), uma mineira sempre muito gentil e carinhosa comigo, a quem agradeço de montão e desde já ser mais um elo dessa brincadeira muito bacana e tals. Apesar de eu estar meio brigado com Minas ultimamente, abro uma exceção com muito gosto (de doce-de-leite, que eu adoro!) pra ela, com certeza. Bom, o jogo consiste em responder às perguntas a seguir usando trechos de músicas de um artista ou banda preferidos. Vamos lá:...

1- Qual é o seu nome?
Alguém me espera/E adivinha no céu/Que meu novo nome é/Um estranho que me quer ("solidão, que nada")

2- Onde você mora?
Vivo num 'clip' sem nexo/Um terror retrocesso/Meio bossa nova e 'rock'n roll' ("faz parte do meu show")

3- Descreva-se:
Disparo contra o sol/Sou forte, sou por acaso/Minha metralhadora cheia de mágoas/Eu sou um cara/Cansado de correr/Na direção contrária/Sem pódio de chegada ou beijo de namorada/Eu sou mais um cara ("o tempo não pára")

4- O que as pessoas pensam sobre você?
Exagerado! ("exagerado")

5- Onde queria estar agora?
Eu tô perdido/Sem pai nem mãe/Bem na porta da tua casa ("maior abandonado")

6- Como é a sua vida?
O meu prazer/Agora é risco de vida/Meu sex and drugs/Não tem nenhum rock 'n' roll/Eu vou pagar/A conta do analista/Prá nunca mais/Ter que saber/Quem eu sou/Ah! saber quem eu sou... ("ideologia")

7- O que pediria se pudesse ter apenas um desejo?
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo/Com sabor de fruta mordida/Nós na batida, no embalo da rede/Matando a sede na saliva ("todo amor que houver nessa vida")

8- O que você vê ao seu redor?
Grande pátria/Desimportante/Em nenhum instante/Eu vou te trair/Não, não vou te trair... ("brasil")

9- Como está o seu coração?
O nosso amor a gente inventa/Prá se distrair/E quando acaba/A gente pensa/Que ele nunca existiu... ("o nosso amor a gente inventa")

10- Fale sobre o seu passado:
Pra que mentir/Fingir que perdoou/Tentar ficar amigos sem rancor/A emoção acabou/Que coincidência é o amor/A nossa música nunca mais tocou... ("codinome beija-flor")

11- Escreva uma frase sábia:
Ouça-me bem amor/Preste atenção, o mundo é um moinho/Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos/Vai reduzir as ilusões a pó. ("o mundo é um moinho")

12- Agora, despeça-se:
O adeus traz a esperança escondida/Pra que sofrer com despedida? ("cartão postal")

...putz, nem preciso dizer quem é, né? Teus cantos, versos encantos, aqui no meu singelo canto... é pra ti, Caju, meu velho...

-música do post: "só se for a dois", Cazuza


12.1.08

pleased to meet you, hope you guess my name...

...tá legal, eu sei que o amor é um tema mais do que pisado e repisado na história da nossa sociedade judaico-cristã-ocidental (e na de todas as outras possíveis e imagináveis, sem dúvida alguma, pra dizer a verdade). Então já vou logo avisando que esse post de hoje é mais do que um comentário ou uma breve explanação sobre o tal famigerado "amor". É, antes que tudo, um aviso. Mais até, um alerta: digam NÃO ao amor! Firme, aos berros, ao desespero de perder a voz pra nunca mais, pois isso (o tal "amor"...) não nos leva a lugar algum - peraê, leva sim... à plena desgraça, como aconteceu comigo. Ao amar alguém - amar de verdade, loucamente, incondicionalmente, intempestivamente - a gente fica cego mesmo (olha o lugar-comum da vovozinha...), pára de prestar atenção às coisas ao redor, não se cuida como deveria, torna-se irresponsável consigo mesmo - achando que, por isso, está "se doando" completamente ao outro -, sem saber, muitas vezes (como eu não sabia...) que isso é pura balela, estorinha pra boi dormir e vaca tossir... Esquecemos que os outros têm passado e estorinhas também e, o principal!, quase sempre escondem isso da gente. De propósito, por pura maldade, crueldade ou sadismo? Não, quase nunca. Escondem porque são gente como a gente, seres humanos que morrem de medo de mostrar as suas falhas, as suas fraquezas, os seus segredos mais escondidos (e que às vezes, de tão escondidos, eles mesmos "esquecem"...). Enfim, NÓS também fazemos isso. O mesmo. I-gual-zi-nho. Sem tirar nem pôr, vamos lá e dirfarçamos uma coisa, mascaramos outra, maquiamos aquela ali, colocamos uma pá de cal sobre a perninha dessa aqui que teima em aparecer... Ocultamos verdades, semeamos mentiras (mentirinhas, pequenininhas, que julgamos não fazer mal a uma baratinha...). NÓS, em caps lock, os donos da razão, certo? Errado, completamente errado. Também temos a nossa parcela de culpa - mea culpa, mea maxima culpa! Não, eu não disse toda, apenas parte. E talvez nem seja "culpa", e sim responsabilidade. Fui tão responsável quanto o "outro" pelo que aconteceu... bom, nem tanto... EU não sabia da missa o terço. Porém, mesmo assim, me descuidei, me desprotegi, pus o "amor" acima de tudo (é tão bom estar apaixonado não?). Não, pois foi assim que me enterrei, foi assim que um dos meus pés entrou na cova. Dramático? Sim, sei que estou sendo dramático... Mas a minha vida virou um dramalhão dos piores, de pernas pro ar. Nem novela mexicana faria melhor (pior...). Me sinto traído, profundamente apunhalado pelas costas. E nada mais posso fazer pra mudar isso. Tento me conformar, mas é difícil. Perdi toda fé (e cega!) que tinha no "amor", na "paixão" e em todas essas outras coisas que teimamos em bradar pelos quatro ventos como se fossem as mais importantes, as mais infalíveis, as mais compensadoras. Eu digo a vocês, agora: nada disso é tão importante, tudo isso falha e, no final das contas (das minhas, pelo menos) não compensam. Por isso as aspas, eternas pra mim quando falar daquilo que antes me era essencial ("amor", "paixão", "companheirismo", "fidelidade", etc e tals), e também por isso eu digo que nada, mas nada mesmo, paga o preço de uma vida (no caso a minha, claro). Amem sim, sejam companheiros sim, fiéis e apaixonados incondicionalmente sim... mas por vocês mesmos em primeiríssimo lugar. Sempre. Pois que nunca se sabe quando vamos nos deparar com o diabo em pessoa, oferecendo palavras doces, flores, chocolates e "amor", sem saber quando - e quanto! - teremos de pagar pelos nossos desejos, pelos nossos prazeres, por nossas almas capturadas. Eu aprendi a lição, só que um pouco tarde demais...

- música do post: "simpathy for the devil", Rolling Stones

11.1.08

distração d infância

...adoro os baianos, a Bahia e o sotaque deles. Acho lindo lindo lindo mesmo. E foi uma baiana muito querida e sempre gentil comigo que me mandou essa corrente. Funciona assim: deve-se selecionar apenas 5 dos seus desenhos favoritos de quando era criança (vocês ainda se lembram dessa época? eu quase sempre a deixo de lado...) e colocá-los no blog por ordem de preferência. Muito obrigado, Jaya querida, por me fazer lembrar de um período tão gostoso da minha vida - e que anda tão sufocada ultimamente... Foi ótimo poder lembrar daqueles momentos em que o maior obstáculo era, às vezes, ter de acertar a sintonia da tv...


5º lugar: ...os cavaleiros do zodíaco, que talvez seja o desenho mais emblemático da minha infância. Não perdia um episódio sequer (mesmo doente fazia questão de assistir...). Sabia o nome de todos os cavaleiros de bronze, ouro, aço e prata de cor, pesquisava
tudo o que podia sobre o desenho, a mitologia grega e as constelações, tinha os bonequinhos todos - e com um ciúme que só vendo... nem a minha mãe podia encostar neles - e cansei de "brigar" com meu irmão (ele era o seya; eu, o hyoga...). A minha saga preferida era a de Poseidon. Hoje em dia não me lembro de quase nada...

4º lugar: ...speed racer, já que, quando pequeno, tinha uma paixão incondicional por carros. Culpa do meu tio e do meu avô, que me criaram assistindo às transmissões de F1 e também me ensinando tudo o que podiam sobre os bólidos. O desenho quem me "apresentou" foi meu tio mesmo, o preferido de sua infância - e, após pouquíssimo tempo, um dos meus preferidos também. Apesar de antiiiiigo já na minha época de "pequerrucho", achava incrível o mach 5 e tudo o que ele podia fazer. O filme, baseado no desenho, estréia em junho de 2008 aqui no Brasil...

3º lugar: ...a corrida maluca, pois era outro desenho de corrida, e pelo qual me apaixonei depois que o speed deixou de ser transmitido. Impossível não adorar as trapalhadas do dick vigarista e muttley, que depois ganharam desenhos separados e sem sal. Enfim, o final era o melhor, nunca dava pra saber quem ia ganhar... falando nisso, me surgiu uma dúvida: o dick alguma vez ganhou alguma???...

2º lugar: ...bob esponja, que não é definitivamente da época da minha infância, claro, mas que me seduziu novamente ao mundo dos desenhos animados e me fez sentir de novo como uma criança, sentado em frente ao nickelodeon e tendo crises intermináveis de riso. Além disso, é um dos pouquíssimos desenhos realmente legais feitos nos últimos tempos, que têm sido dominados por narutos, charutos e outras bobagens do gênero...

1º lugar: ...Tom & Jerry, o melhor de todos, sem dúvida!!! Até hoje, quando raramente me deparo com as confusões daquele gato azul e daquele rato café-com-leite, sinto a nostalgia de tempos idos em que equilibrava o copo com guaraná entre os joelhos e me divertia horrores com aquele humor simples, ingênuo e mesmo sem palavras... 3D, high definition, animação digital??? Não, nada disso... Tom & Jerry é melhor do que todos
os outros desenhos sem precisar de modernice alguma e, como já disse, sem falar nada, mas dizendo muito...

- música do post: "superfantástico", A turma do balão mágico

10.1.08

por 1 triz

...não, eu não abandonei o blog. É que essa semana foi - e está sendo - tão, mas tão difícil pra mim que... que não tive ânimo nem coragem pra escrever. Aliás, pra fazer qualquer coisa que fosse. Recebi a pior notícia do mundo. Meu coração, minha alma, meu corpo inteiro está em frangalhos, e justamente num mês (e num ano...) em que achei que as coisas afinal mudariam de vez pra mim. De fato mudaram - só que pra pior, bem pior, ruim até não poder mais. O que você faria se soubesse que a sua vida está por um triz? O que faria se, de uma hora pra outra (pra ser mais exato, 24 horas), tudo mudasse pra você, te obrigando a encarar tudo de maneira diferente, como se fosse pela última vez? Como você reagiria se se desse conta de que até as coisas mais banais, mais comuns do cotidiano, agora são risco pra sua saúde, pra sua vida? e que isso é pra sempre. Ou melhor, pra sempre não, mas até o dia em que morrer... Tudo bem, ninguém aqui é ingênuo, todo mundo vai mesmo morrer um dia ou outro. Porém, ao saber que esse "fim" está logo ali, ao dobrar a esquina, prestes a dar de cara com você, a coisa toda se torna muito mais apavorante. Eu tô apavorado. Reli o último post que coloquei aqui. Antes de tudo acontecer. Ainda não acredito como tudo pode ter mudado assim tão de repente, tão sem avisos, alarmes, sinais. Há um mal por dentro de mim que, mesmo quando eu ainda tinha esperanças, desejos e objetivos, já me corroía. Descobri que eu mesmo sou meu veneno - o que fazer, então, quanto a isso? Não dá pra mudar, não dá pra correr... me lembrei daquele troço idiota que todo mundo diz, incrustado como sujeira grossa no nosso inconsciente coletivo: "se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come". A diferença é que mesmo o óbvio no meu caso tanto faz - o bicho está dentro de mim, o bicho sou eu mesmo. Sim, tive vontade de acabar com tudo, isso já me passou pela cabeça. Mas há uma nesga, um rastro ínfimo e louco de teimosia que não me deixa fazer isso, que me grita pra lutar mesmo contra todos os prognósticos (e diagnósticos também) nada favoráveis, que me diz pra aproveitar a vida a cada dia em seu máximo, como se cada um dos segundos que passam fosse na verdade o último. Enquanto essa força - menos e menos forte, reconheço - resistir dentro de mim, lutando contra o monstro que me consome, juro que lutarei. Pelo menos não espero nada de pior nesse ano - ou nessa vida, eu que agora me forço a acreditar que aqui ainda não é o fim, e que nem tudo está perdido. Até quando agüentarei? Não faço a mínima idéia. Amanhã, daqui a uma semana, duas, um mês, alguns outros - hoje mesmo. Não sei. E a maior ironia disso tudo é que sempre tive medo de envelhecer, sempre disse que queria morrer jovem. Pronto, está feito. Alguma fada cruel ou um duende maluco deve ter escutado o meu "desejo" e o realizou. Ao acordar do meu último pesadelo, nunca poderia imaginar que a realidade seria ainda pior e mais sombria. Agora já não durmo mais. Vivo com dor, agonia e desespero. O ano mal começou e a minha vida... mas a minha vida já terminou...

- música do post: "stormy weather", Etta James

6.1.08

a 1 outra voz

...cedo a minha palavra hoje a outras palavras, de outras vozes, que se misturam à polifonia que ouço nesse despontar do ano que se inicia vagoroso, pesadão, ainda meio de ressaca do último 31. O champanhe já acabou, mas a mensagem fica:

Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como
uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra.
Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez
menino, a correr e a rolar-se pela erva
A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a
ouvir-se de longe.

Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra
fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
Um dia que Deus estava dormindo e o Espírito Santo
andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e
roubou três.

Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que
Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou
eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele
criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado
na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.

Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro
raio que apanhou.

Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança
bonita, de riso natural.

Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças
d'água, colhe as flores, gosta delas, esquece.

Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares,
e foge a chorar e a gritar dos cães.

Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha
graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as
bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia.

A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar
para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há
nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas.

Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo
que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois
com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no
degrau da porta de casa. Graves, como convém a um Deus
e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo
e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair no chão.

Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos
homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri
dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir
falar das guerras e dos comércios.

Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da
minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o
lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo
materno até Ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de
noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar,
põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho,
sorrindo para os meus sonhos.

Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais
pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua
casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e
humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu
tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu brincar.

...esse texto é uma livre adaptação de Maria Bethânia do poema de Alberto Caeiro, um dos "outros" de Fernando Pessoa. Está no seu show Maricotinha, em que é belissimamente recitado pela voz ao mesmo tempo grave e suave, feérica e sensual, misteriosa e clara, dessa minha baiana das baianas, divino timbre que me ilumina. Optei por essa versão (e não pelo texto original) primeiro pelo tamanho, e segundo por achar que o poema pessoano é ácido, corrosivo e rascante demais para a ocasião. Eu que hoje tô me sentindo molinho, levinho e sensível como uma pluma ao sabor dos ventos... Sinal dos tempos? dos novos tempos, quem sabe. Brinca hoje com meus sonhos, Menino Jesus...

- música do post: "dona do dom", Maria Bethânia

4.1.08

eu vejo o futuro repetir o passado...

...tinha pensado em escrever sobre outra coisa hoje. Não, nem vale a pena dizer o que era... Mas aí comecei a reler os posts que já pus aqui e notei algo espantoso: 99,9% deles são hiper pessimistas, desolados, depressivos, melancólicos, etc e tal (e, considerando-se ser esse o 10º post, vejam a que conclusão bombástica cheguei). Não, também não quero dizer com isso que vou me suicidar ou qualquer outra coisa melodramática do gênero. Deixo essas soluções e peripécias escandalosas para as vilãs das novelas mexicanas que passam à tarde no SBT - as quais invariavelmente acompanho por uma simples falta do que fazer (e também pra rir um tanto né...). Bom, sei que tô sendo prolixo, mas a coisa toda é que não sei bem o que fazer. Parece que todo dia é o mesmo dia, e que até o que eu escrevo é idêntico ao que escrevi no dia anterior. Talvez isso seja mesmo verdade... porém não quero mais! Como sou péssimo pra me organizar por listas, pedi a um amigo meu que fizesse isso por mim. Eis o resultado: três semanas cheias de compromissos, de lugares a ir, de pessoas a visitar, de boates, festas e diversão. Tudo bem que o "cheias" foi mais um recurso hiperbólico do que reflexo da realidade. Não me importa. Li um comentário ("um" não, "o", pois é o único, por sinal...) do meu post anterior em que disseram algo como ser bom não assistirmos ao final dos filmes, e que o melhor é imaginar um nós mesmos, assim como para as nossas vidas. Nunca parei pra pensar nisso, mas não é que concordo? é, é verdade. Talvez eu esteja tão atado a uma realidade absurda - e à qual eu próprio me acorrentei - que esqueci de inventar um pouco, de sonhar, de apenas imaginar. E digo "apenas" não por ser algo menor, e sim por ser mais simples, mais light, diet, leve... Entupi os meus dias com o colesterol do tédio justamente porque (voluntariamente?) me esqueci de que por mais que nos cobrem (e às vezes nós muito mais que os outros...), é possível dar um tempo, dar uma ou duas boas gargalhadas por dia, pegar um cineminha - mesmo sozinho, não faz mal -, andar sem rumo por Botafogo, pela orla ou até pelo centro da cidade, olhando o mundo, observando a vida que pulsa fora de mim - de nós mesmos. Não me custa nada, não NOS custa nada. A não ser talvez um pouquinhozinho de força de vontade (e também um tiquinho de coragem). Pra quê? pra dar a cara a tapas, pra parar de resmungar por algum tempo (porque até isso às vezes é importante), choramingar à toa e não reclamar de um futuro que repisa, repete e regurgita o passado. Quem sabe há mesmo um pote de ouro no final do arco-íris... Eu quero acreditar nisso. Você não?...

- música do post: "somewhere over the rainbow/what a wonderful world", Norah Jones

3.1.08

trechos, fragmentos e afins

...percebi de repente. Na verdade ontem (ou hoje, melhor dizendo) de madrugada, em meio ao meu inferno astral de insônias repetidas e repetitivas: há milênios não assisto a um filme por completo. Sempre que saio da internet tomo um banho e me deito, e sempre há algum filme numa dessas sessões notívagas feitas sob medida pra indivíduos iguais a mim. Não sei se estava mais desperto ontem-hoje ou se apenas foi o meu corpo, exaurido pela rotina insípida, que extenuado fez soar o alerta. Acordado pela vermelha sirene que passou a soar no por-dentro de mim, reparei que eu mesmo tinha razão a meu respeito: tenho passado a minha vida assim, simplesmente como um espectador insone de madrugadas frias e que pega somente trechos, um fragmento ou outro, do colorido fantasmagórico da tv de filmes antigos, a rebarba do lixo cultural que importamos/adoramos (muitas vezes - e não me excluo do time, sem nos darmos conta). E é engraçado isso, ao passo que também deprimente, pois nunca chegaria à tal conclusão se não estivesse eu, em plena madrugada, assistindo a mais um filme qualquer (se não me engano era "Duro de matar" - o primeiro!!! - lembram-se?) com os cabelos molhados umedecendo a fronha. Me dei conta de que ultimamente tenho deixado arestas pelo caminho, rastros do que podia fazer e não fiz, restos de inícios bons mas que nos quais não investi, trajetos que comecei e não concluí. Enfim, acabo sempre dormindo no ponto - e perdendo o final do filme. E por quê? talvez porque intimamente, lá no fundo do meu serzinho, eu tenha medo... e de quê? ora, sei lá... assumir as responsabilidades. Não dos meus atos, pois que sempre sou o primeiro a me acusar, e sim da minha própria vida. Assumir as responsabilidades dessa recém-adquirida "adultidade" que me chegou assim tão de supetão e rascante; tomar as rédeas do que vou fazer (aliás, do que de fato preciso fazer) pra que num futuro próximo eu não me sinta como um completo inútil que se apropria do controle remoto alheio. Tudo bem, a aproximação foi esdrúxula e ridícula, porém como minha maior companheira das madrus tem sido a tv... Não que seja só isso: navegando ontem por aí, encontrei outras pessoas e seus blogs. Pessoas inteligentes e blogs realmente super interessantes. Foi muito bom saber que não tô sozinho nessa mania esquisita de ficar diante da tela do computador revelando verdades (?) sobre nós mesmos. Eu que já tava me achando louco... Idéia de última hora: quem sabe não seja melhor tirar logo as pilhas do controle remoto, desconectar a tomada da tv e arranjar companhias menos virtuais, ou seja, algo como novos amigos?... É, parece uma boa idéia. Pelo menos na teoria e afins...

- música do post: "ideologia", Cazuza

2.1.08

tlz, quem sab 1 dia, pod ser...

...sei lá, hoje acordei com um bom humor que não me é habitual. Dei bom dia a todos, respirei o ar da manhã e até mesmo arrisquei um sorriso. Esperança? Não sei (mas não dizem que ela é a última que morre?). Pois então....... Enfim, algo besta me cochichava ao pé do ouvido direito que alguma coisa boa aconteceria pra mim hoje - e olha que nem tinha lido o horóscopo do dia (é, eu leio o horóscopo...). Odeio mistérios, até porque sou curioso demais e sei como isso pode ser irritantemente chato e pavoroso. Bom, nem adianta continuar enrolando: a tarde tá passando sem novidade alguma. Minha vidinha é a mesma de sempre - até as surpresas parecem se repetir: encontrei um cd que não ouvia há muito tempo jogado no final de uma prateleira; assisti a um documentário que nem lembrava mais existir na fita de vídeo e voltei a ler um dos meus livros favoritos. Pois é, não encontrei o grande amor da minha existência nesse planeta e com quem passarei o restante dos meus dias, não ganhei na megasena acumulada, não encontrei nenhum velho amigo que não via há séculos, não comi nenhuma fatia de abacaxi maduro gelado (coisa que adoro!!!)... Ou seja, nada de especial me aconteceu hoje. Até agora, penso eu, e me estranho por isso. Estou gostando dessa sensação de esperar por algo que pode ser que nem venha, que talvez nem exista. Maluquice? O amor é só uma ilusão - que a gente mesmo inventa... Doce, é verdade, mas apenas ilusão. Por que falo disso agora? Porque acho que, aos poucos, tenho começado a aprender a ficar sozinho, a viver comigo mesmo. Não que queira isso "pra sempre". Não, não é nada disso. Ainda penso em encontrar - ou achar, vai que já é meu e não sei... - the one, the one and only, essas coisas... Só não me preocupo mais tanto com isso. E se essa esperança que eu sinto hoje não for exatamente uma "esperança", e sim um broto, uma pequena semente do que chamamos amadurecimento? Talvez. Quem sabe um dia isso seja verdade... Pode ser que eu cada vez mais esteja me aproximando de mim mesmo. Pra quê? Não sei. Espero descobrir antes que essa semente não vingue, que o clima de repente mude e lance sobre mim suas tormentas. O caminho está aí pra ser trilhado...

- música do post: "what are you doing the rest of your life?", Barbra Streisand

1.1.08

dpois do champanhe, o q +?

...leda ilusão, era algo que alguém próximo a mim costumava dizer sempre que algo não saía como o previsto. Besteira a minha pensar que o último dia do ano passado traria algo de "novo" pra mim (não, não tô tentando fazer nenhum trocadilho infame...), é que apenas não arranjei nada de bom, de positivo, de esperançoso, que seja, pra escrever nesse primeiro dia de 2008 que já se vai indo - e sem deixar saudade alguma...Tudo ocorreu exatamente invertido; parece que o mundo - ou pelo menos aquele em que eu estava... - resolveu ficar de pernas pro ar só pra me deixar furioso. Mal consegui chegar à praia, de tão lotado estava o metrô e, chegando lá, perdi o contato com todos os que haviam combinado passar a virada comigo. Sozinho (mais uma vez), pensei em adentrar o novo ano assim como terminava o outro. Mas eis que me surpreendo. Ou melhor, esbarro mesmo: (n)ele. Há quanto tempo não o via; na verdade, desde que havíamos terminado não tinha notícias nem de seu paradeiro. Coincidências à parte, ele estava passando pelo mesmo problema que eu - os dois abandonados e mal pagos em plena noite do dia 31, numa Copacabana repleta de calor e almas perdidas. Revivemos antigas lembranças, noites outras naquelas mesmas areias, falamos de nossas vidas, de como estamos (ou não...) nos arranjando por aí afora e rimos pela incrível armação do destino em cruzar novamente os nossos caminhos. Devia ser por alguma razão. Bom, se foi somente pra rompermos esse dia 1º tudo bem, foi ótimo... Tomamos banho de champanhe alheia, bebemos a nossa (cada um trocando a própria garrafa com o outro, ao que dividíamos os mesmos gargalos) e, quem diria!, com direito a beijo justamente à meia-noite e juras de um encontro próximo. Talvez tenha sido um recomeço para ambos, quem sabe uma nova chance, uma outra zero hora... Porém a animação vai se esvaindo. O dia continua, é noite outra vez e o telefone não toca. Tô acostumado, tá tudo bem, nunca esperei que se cumprissem essas tais promessas de fim de ano, eu que nunca acreditei nisso mesmo. O tal caminho talvez fosse apenas um atalho. Olhando pras mesmas estrelas de ontem, hoje e sempre, pergunto-me: depois daquele champanhe, o que mais? O gosto permanece...

- música do post: "chega de saudade", João e Bebel Gilberto