30.1.09

plataum e o msn

...outro dia li uma mensagem pessoal no messenger de alguém que dizia mais ou menos o seguinte: “o amor é de verdade; as pessoas é que são mentira...”. Aparentemente profunda, a frase não deixa de ser uma vulgarização do conceito de amor platônico que, vamos combinar, cada vez mais tem sido confundido e mal-interpretado como uma modalidade de amor solitário, um tanto quanto egoísta. Nem me interessa ficar aqui discutindo tal ou qual foi a intenção da pessoa em usar essa frase, até porque ignoro se extraída de alguma letra de música da modinha (certamente que não literária, de tão pouca literatura...). Enfim, o que me chamou a atenção e atiçou a curiosidade vai por outro caminho: o fato de as pessoas, assim, de uma maneira geral, falarem e, vá lá, cantarem tanto sobre o amor, muitas vezes querendo dizer – ou mostrar – com isso, que se importam com o Amor. Assim, grandão, com letra capital, o que lhe confere ar muito sisudo e envolve considerações circunspectas tais que tolhem a maioria – e daí as frases feitas e as filosofias prontas de porta de banheiro de botequim... O que quero dizer com isso? Provavelmente nada demais. Não estou filosofando, nem talvez mesmo divagando, pois que pra filósofo não levo jeito e a divagação não assumiria certamente tons tão gramaticais... Seria uma crítica, se em última instância tivesse de classificar esse post. A quê? Bem, talvez à mania que toma conta dos corações e mentes quando se está sozinho. Diz-se de tudo, promete-se mundos e fundos, todos em faturas que não serão pagas terminado o mês (ou a crise existencial, o que ocorrer primeiro). Ao que parece, todos têm interesse apenas na satisfação pessoal de seus desejos. Amor Amor? Que nada... o negócio é mesmo aproveitar. E por aí emerge uma corruptela de Platão, bem simplificada, é claro: o que importa, na verdade, não é amar o outro ou mesmo as suas qualidades, tampouco o amor em si, e sim a saciedade de um impulso qualquer. Psicanálise? Se for, Freud certamente explica. E, tudo bem, pode ter sim uma boa pitada de despeito nisso tudo, mas que não se confunda com inveja, pois que eu também vivo nesse mundo de linhas tortas... Se é cada um por si agora, o que se há de fazer? Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. A citação, já em si truncada, daria pano proutro texto. No entanto, fico por aqui e o papo assim desvanecendo feito considerações metafísicas de segunda ordem...

PS: aff, mas que post metido...

- música do post: “saúde”, Rita Lee

25.1.09

shhhhhhhhhhhhhhh

...é o mesmo som que escuto quando a tv sai da sintonia e eu, preguiçoso, permaneço na cama olhando pros chuviscos incessantes e nervosos... assim como foi o mesmo som que você me fez pra que eu calasse a boca, eu que vivo reclamando das coisas e te fazendo cobranças sem sentido. Sim, porque se não há nada combinado, assinado e lacrado, não há nada que eu possa fazer (não é mesmo?). Nós dois sabemos. No entanto, sou eu quem perde o sono em madrugadas chuvosas e ruidosas – o volume sempre mais alto do que deveria; tenho de aprender a programar o sleep de uma vez por todas... E os textos que ando postando por aqui? Pura confusão, pura lavação de roupa suja, sentimentos puídos e neuroses requentadas. Há muito não posto nada ficcional (apesar de todos os textos o serem...), mas digo ficcional no sentido outro da coisa: aquele em que transmutamos as nossas dores em estórias, em poesia. É nesse sentido que falo... Não consigo, porém. Ando muito enferrujado pra isso, muito enrolado comigo mesmo, também. Tudo que tento me parece meio desarranjado, disforme, e acabo invariavelmente frustrado – como agora... - e jogando aqui essas confissões sem cabimento. Como sempre. Não me admira que esse mundo ande cada vez mais desértico (se eu mesmo ando assim...). A última noite, que era pra ser de festa, fiz com que se tornasse um pesadelo ambulante. Incrível como a gente consegue se machucar ainda mais justamente quando tentamos disfarçar as nossas feridas. Burrice a minha, fica tudo tão mais evidente... E explosivo. No fundo no fundo, eu sabia que não ia dar certo. Eu sabia que as coisas se complicariam. Nada é tão simples quanto parece (e deveria, na verdade...) ser. Acabo sempre no meio do caminho, entre versões antagônicas dos mesmos fatos. Ninguém parece se importar. Às vezes penso que realmente as pessoas têm se importado cada vez menos. Com tudo. Com todos. Mas eu não sou assim, não consigo. Sou de falar, de abrir o jogo, colocar as cartas na mesa. Talvez devesse aprender a blefar como os outros. Em vez disso, continuo me cortando na ponta da faca que insisto esmurrar. Tenho todo um infinito particular que ninguém quer. A verdade machuca, eu sei. Quanto mais (pretensamente) desenvolvida a raça humana se torna, mais dissimulada a face, até porque... shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! E dessa vez não foi a tv ou você. Foi mesmo a vizinha querendo dormir...

- música do post: “infinito particular”, Marisa Monte

21.1.09

e assim m livro d mim

...pelas madrugadas escrevo como quem quer a companhia da noite, da escuridão profunda, mergulhada no silêncio. Escrever é o modo mais sincero de escapar a mim mesmo, e isso faz lembrar-me aquela famosa frase de Clarice Lispector – e pensar que ela tinha razão, sempre teve. Tenho me angustiado bastante nos últimos dias, o que me tem feito muitas vezes sair por aí, por essa cidade que possui alcunha de maravilhosa. Olho-a bem, paro em uma esquina qualquer e penso, enquanto espero o sinal abrir pra mim: “mas, meu Deus, maravilhosa pelo quê?” Se ninguém cuida, se ninguém a quer bem, se ninguém faz outra coisa além de usurpá-la de sua pretensa “maravilha”...? Talvez por inveja, ou mesmo por vaidade excessiva, ninguém teve pena de ti, Rio. Rio de mais um janeiro monótono e quente de verão, de praias lotadas de sujeira, de ruas perigosas e epidemias (a mais grave de todas: falta de respeito). Rio de tão sem graça. Por isso é que hoje, no dia do teu padroeiro, transbordo-me de sinceridade contigo, rogando a quem quer que seja que olhe por ti. Eu? Mas eu ando tão fatigado... eu sei, desculpa esfarrapada. Sim, é. Estou cansado de muitas coisas, aliás, sempre cansado e sempre mais. Porém, dei um tempo nas minhas próprias ladainhas pra prestar atenção em ti, pra falar contigo e pra pedir que te tratem melhor. Quem sabe se escrevendo dessa maneira, sincero contigo e comigo, não consigamos algum efeito? Talvez mesmo que nos ouçam... É, talvez. Livro-me de mim, de meus pesos, e espero também livrar-te de algum em meio a esse caminho torto de palavras desconexas. De qualquer modo, não te aborreça: veja só, colocarei uma música alegre pra gente ouvir. Doce ilusão. Porém, toma esta canção como um beijo...

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PS: esse texto é referente a ontem, dia 20 de janeiro, não postado por razões técnicas...

- música do post: “menino do Rio”, Baby Consuelo

15.1.09

eu q aprenda a lvantar

“Se o amor correspondido já tem prazo de validade
determinado, o amor platônico tem prazo vencido”
Claudia Lage

...não, o título desse post não é apenas por causa da minissérie. Ultimamente já vinha pensando em Maysa e em como a sua história de vida esbarra na minha às vezes. Como as suas letras me falam coisas que há muito penso, e me respondem outras tantas de que gostaria muito de saber. Isso tudo me traz a sensação de que as pessoas vivem e morrem por um certo propósito, cumprindo determinadas missões aqui onde estamos. Não, não sou espírita ou mesmo sigo qualquer religião ou culto. Respeito a tudo e todos, suas crenças e/ou seus deuses. Não é isso. Mas tenho fé. Em quê? Não sei, sinceramente não sei. Porém, acho bom ter fé, crer que há alguma coisa além dos nossos sentidos, além da ciência, pralém das nossas expectativas e imaginações. Dá um conforto acreditar nessa força que nos envolve. Simplesmente acreditar, sem mais nem menos. Faz com que a gente se sinta menos só. Mesmo estando. Agora mesmo, olhando pela varanda, vejo a lua, cheia de si, meio dengosa apoiada em duas nuvens, como que se preparando para o seu show melancólico de hoje. Lua dos amantes. Lua dos poetas. Lua dos desesperados... Tantas funções, tantas inspirações. Por vezes penso que endeusamos demais esse simples satélite. Em outras, como agora, acho que tudo isso é necessário, em alguma medida. É bom nos iludirmos de vez em quando, pois impede que tal ilusão se transforme num motivo de vida. Tem gente que passa anos acorrentado a uma fantasia e se tortura feito Prometeu, voluntariamente. Eu desejo o ludibriar de um momento, apenas, momento que me faça realmente crer em algo longe das minhas vistas, em algo que me distraia os sentidos a ponto de me fazer acreditar que tudo não passou de um pesadelo, e que a tristeza possa ser somente um tema passageiro. Se meu mundo caiu...

- música do post: “o nosso amor a gente inventa”, Cazuza

10.1.09

a cada 1, seu inferno pssoal

...parece que uma tramóia dos astros se forma para que tudo se desarranje uma vez mais. Quando as coisas parecem estar no caminho certo, descarrilam feito aquela receita de bolo complicadíssima que só a vovozinha acredita que a Ana Maria sabe fazer. De qualquer jeito, ainda arrumo ânimo pra fazer piadinhas. Por quê? ah, porque o tempo passa, o tempo voa, e, por mais que a poupança do Bamerindus não esteja mais numa boa, nada é tão grave que não possa ser remediado (tá, eu sei que tô passando dos limites, misturando agora piadinhas sem graça e sem referência a frases da vovozinha...). Talvez eu esteja com sono. Talvez apenas confuso. Ou mesmo atordoado com os últimos acontecimentos. Que acontecimentos? Bom, na minha vida, nenhum, o que é algo angustiante pra quem há 4 dias espera um telefonema, um sinal de vida, uma nesga de voz de uma esperança que se esvai mais e mais a cada segundo. E também pelas pessoas à minha volta, que passam pelo mesmo dilema. Claro, há variações, sempre há, mas é como aquelas de adaptação de certos destinos finitos, do tipo Romeu e Julieta ter se transfigurado em West side story (e não me entendam mal, não é nada contra o sotaque latino forçado da Natalie Wood e eu até gosto de "Somewhere" na versão e voz da Barbra Streisand...), mas é algo à la Frankenstein, uma coisa que não se encaixa, composto de partes difusas e costuradas feito boneca de pano - só que essa Emília sai muda e sem sal... Bom, o que quero dizer é que, por ignorarmos aquela voz interna que todos temos (sim, admitam, todos temos), acabamos por nos enrolar nós mesmos no novelo que tecemos. Sabe aquela intuiçãozinha que você de vez em quando repele com um desdém de "ai, que bobagem!"??? Pois é, ela é a mesma que poderia te tirar de muitas roubadas nessa vida, pois, apesar de os neurônios estarem no cérebro, agimos com o coração, e, mesmo aprendendo nas primeiras aulas de ciência da escolinha que o coração não manda em nada, que é apenas uma bomba de sangue localizada do lado esquerdo da caixa toráxica (tá, isso a gente aprende um pouco mais tarde...), ainda nos deixamos guiar por ele. Por "isso". Por essa coisa que nos faz agir instintivamente, feito bichos, ignorando os sussurros desesperados de um raciocínio claro, objetivo, e que às vezes chega a berrar pra ti que vai dar merda, que você e só você vai sofrer ao final, que as coisas não acabam como nas novelas... Será? Não é possível... não dá pra acreditar que seja só isso, deve ter algo mais, alguma explicação divina, estratosférica ou mesmo extraterrestre. Fantástica, sobrenatural, quem sabe... Não posso, não podemos ser tão tolos, não é mesmo? Afinal de contas, deve ser como a vovozinha fala: a cada um, seu inferno pessoal. E que nos conformemos...

- música do post: "ouça", Maysa

5.1.09

reflexões bestas e/ou + 1 ano nvo

...só me dei conta disso quando cheguei em casa e fechei a porta por trás de mim. Depois do clique me deu aquela sensação de vazio, sabe, de quando a gente começa a achar que as coisas poderiam ter sido melhores, poderiam ter sido mais intensas... poderiam ter sido eternas. Mas aí eu penso "que-besteira-essa-coisa-de-as-coisas-serem-eternas", têm que durar até quando duram e pronto. E pronto. E ponto. Final? Nunca se sabe, não é mesmo? Bom, mas eu tinha me prometido não ficar assim por um bom tempo desde que... tsc, não tem importância, nada disso mais importa porque eu me conheço e sei que aconteceu de novo. Também, não podia ser diferente, tantas surpresas, tantas revelações súbitas, tantos comportamentos e mãos bobas que desvelaram carinhos e sentimentos (des)conhecidos de mim há muito tempo, logo aqueles que fiz questão de varrer pra debaixo do tapete mais escondido da sala, foram esses, esses mesmos os que voltaram assim de súbito, como que aproveitando o meu jeito desarmado de encarar a vida dos últimos dias. Então não resisti. Típico de época de virada de ano, coisa e tals? Sim, admito que sim, talvez... No entanto, algo mudou no reino da Dinamarca e o cheiro podre que sinto faço de conta que é faz-de-conta, tapo o nariz e sigo em frente; afinal, não dizem pra gente o tempo todo que é assim mesmo, que tem de arriscar, "ver qual é"? Pois é, eu sei, eu sei disso tudo, mas sou aquariano e essas coisas de levar as coisas meio assim meio assado não combinam muito comigo. Sou do tipo de pessoa que quando suspeita de algo lá está, no campo de investigação, colhendo pistas e descobrindo digitais. E essa enrolação toda é pra dizer algo que muito bem já deveria ou poderia ter dito muito antes, na primeira linha, usando apenas uma linha desse post. Mas aí não seria eu, esse ser que se acha muito simples e se mostra muito descomplicado à primeira vista mas que, de verdade, só se sabe a prestações. Todos devem ser assim, desconfio eu, mas nem todos admitem esse jeito de ser e de compreender que a vida é um pouquinho mais complexa do que ler até o capítulo dois... Mais um ano novo? Quem sabe seja apenas isso né... ou não, quem sabe eu admita de uma vez por todas que sim, tô gostando de alguém de novo. Tudo novo, de novo, e o frio na barriga aumenta... será que vou me dar mal... de novo?...

- música do post: "só hoje", Jota Quest