...arrumando as malas para mais uma viagem, penso em como isso reflete a nossa mania (ou afã, vai se saber...) de buscar, de procurar algo que, para além de nós mesmos, deveria nos satisfazer. Deveria, eu disse, porque nunca satisfaz. Nem a mim, e acho que nem a ninguém. Viajamos para encontrar outras pessoas, conhecer novos lugares, viver novas experiências; enfim, viajamos para fugir do nosso próprio tédio, da monotonia que consome as nossas existências. Não que isso seja errado. Muito pelo contrário. Não era do tipo pessimista, porém cada vez mais acredito que a taça na verdade está meio vazia. Por isso aproveitemos a vida, sem medo, neuras ou qualquer outra coisa que nos atrapalhe a fruição plena de nossos prazeres, pois o tempo é curto, e mais e mais sombrio. Digo isso porque hoje um ser muitíssimo querido para mim partiu numa viagem sem retorno, e não sei o que poderá aproveitar "do lado de lá" (se é que tal "lado" existe realmente...). Tenho medo, muito medo de que quando chegue também a mim a hora de minha última viagem, não tenha encontrado nem metade das pessoas que poderia ter encontrado, conhecido os novos lugares que poderia ter conhecido e vivido todas as experiências que me eram possíveis de ser vividas. Não quero - e creio que ninguém quer - que as suas vidas tenham passado em branco, que se percam todos os seus rastros, que a busca tenha sido em vão... Por isso esse post é dedicado ao meu ser querido que me deixou só no meio dessa trajetória que chamamos vida. Não deixarei que se apaguem as suas pegadas, até quando chegar o momento de se apagarem as minhas. Parto agora, mas a minha viagem terá volta. Por enquanto. Eu espero...
- música do post: "SOS d'un terrien en detresse", Grégory Lemarchal
Nenhum comentário:
Postar um comentário