...cansado de ficar em casa sozinho, resolvi procurar o meu caminho sábado à noite. Acabei parando não num dos melhores lugares, não com as melhores opções da minha vida e muito menos com o melhor dos ânimos. Mas fui pra me divertir - e isso consegui, dependendo da definição de cada um acerca do termo "diversão". Bom, pelo menos na minha concepção, diria que foi "divertido". Depois de algumas doses, vi. Nem sei se já estava olhando pra mim antes; nesses lugares a gente nunca sabe se estão realmente olhando pra gente. Estava. E eu o vi. Um verdadeiro príncipe de olhos verdes montado num unicórnio branco de chifre tão brilhante que parecia mesmo um diamante. Algumas doses a mais, resolvi tomar a iniciativa. Logo eu, que prefiro seguir os meus caminhos sozinho. O príncipe bafejou algumas coisas em minha orelha esquerda. Seu hálito não era de alecrim ou alfazema. Na verdade julgo que já tinha tomado ainda mais doses que eu. A música recomeçou frenética; as luzes espocavam novas formas, cores e suores refletidos num átimo. Por alguns poucos segundos pensei ter chegado ao paraíso. Clichê ou não (não me importa) estava era no inferno. Quando me dei conta o lindo unicórnio havia sumido. Em seu lugar havia um dragão horrível. De suas ventas, grandes labaredas incandescentes saíam, chamuscando a minha roupa. O príncipe de antes transformou-se em lembrança distante: diante de mim estava uma figura completamente diversa - e terrível. Um bruxo. Era um bruxo que estava diante de mim. Espantei-me, quis correr, fugir para o mais longe que pudesse. Tarde demais, já havia lançado o seu feitiço em mim (não sei se antes ou depois da maçã que mordi...). Às suas ordens, levou-me até sua masmorra, onde fizemos tudo o que quis fazer. Eu, enfeitiçado pelo bruxo, não tive muita escolha. Levamos algumas horas nisso, atos de lúxuria explícita e indescritível, até que o efeito da poção maligna passasse. Com o néctar do mago escorrendo pelo canto esquerdo da minha boca, me dei conta - finalmente - de que nada daquilo era mágico: estava apenas numa boate fétida, bebido talvez um pouco além da conta e transado com um desconhecido que não tinha nada de mal ou de bem - era apenas humano e queria se divertir (tanto quanto eu), no banco de trás de um carro que fedia à cerveja barata do lugar. No final das contas, acho que somos todos sapos. Um amigo meu uma vez me disse: "se você conseguir contar quantas vezes transou durante o ano, aí sim tem alguma coisa errada contigo". Bom, como eu não consegui (e, acreditem ou não, eu tentei), talvez as coisas não estejam assim tão ruins pra mim. Ainda...
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...hoje é o último dia do ano e eu escrevo sob o efeito desse último fim de semana. Aliás, não sei se sob o efeito do fim de semana ou pelo fato de ter sido o último. Sempre fico pior em situações assim, de "término". Acho muito difícil ser apenas coincidência. Mas não me arrependo de nada do que faço. Uma boa lição para 2008. O que espero mudar? 1000000 de coisas. Tô dolorido e preguiçoso demais pra vislumbrar quaisquer resoluções. Enfim, feliz ano novo...
- música do post: "next year, baby", Jamie Cullum
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