3.1.08

trechos, fragmentos e afins

...percebi de repente. Na verdade ontem (ou hoje, melhor dizendo) de madrugada, em meio ao meu inferno astral de insônias repetidas e repetitivas: há milênios não assisto a um filme por completo. Sempre que saio da internet tomo um banho e me deito, e sempre há algum filme numa dessas sessões notívagas feitas sob medida pra indivíduos iguais a mim. Não sei se estava mais desperto ontem-hoje ou se apenas foi o meu corpo, exaurido pela rotina insípida, que extenuado fez soar o alerta. Acordado pela vermelha sirene que passou a soar no por-dentro de mim, reparei que eu mesmo tinha razão a meu respeito: tenho passado a minha vida assim, simplesmente como um espectador insone de madrugadas frias e que pega somente trechos, um fragmento ou outro, do colorido fantasmagórico da tv de filmes antigos, a rebarba do lixo cultural que importamos/adoramos (muitas vezes - e não me excluo do time, sem nos darmos conta). E é engraçado isso, ao passo que também deprimente, pois nunca chegaria à tal conclusão se não estivesse eu, em plena madrugada, assistindo a mais um filme qualquer (se não me engano era "Duro de matar" - o primeiro!!! - lembram-se?) com os cabelos molhados umedecendo a fronha. Me dei conta de que ultimamente tenho deixado arestas pelo caminho, rastros do que podia fazer e não fiz, restos de inícios bons mas que nos quais não investi, trajetos que comecei e não concluí. Enfim, acabo sempre dormindo no ponto - e perdendo o final do filme. E por quê? talvez porque intimamente, lá no fundo do meu serzinho, eu tenha medo... e de quê? ora, sei lá... assumir as responsabilidades. Não dos meus atos, pois que sempre sou o primeiro a me acusar, e sim da minha própria vida. Assumir as responsabilidades dessa recém-adquirida "adultidade" que me chegou assim tão de supetão e rascante; tomar as rédeas do que vou fazer (aliás, do que de fato preciso fazer) pra que num futuro próximo eu não me sinta como um completo inútil que se apropria do controle remoto alheio. Tudo bem, a aproximação foi esdrúxula e ridícula, porém como minha maior companheira das madrus tem sido a tv... Não que seja só isso: navegando ontem por aí, encontrei outras pessoas e seus blogs. Pessoas inteligentes e blogs realmente super interessantes. Foi muito bom saber que não tô sozinho nessa mania esquisita de ficar diante da tela do computador revelando verdades (?) sobre nós mesmos. Eu que já tava me achando louco... Idéia de última hora: quem sabe não seja melhor tirar logo as pilhas do controle remoto, desconectar a tomada da tv e arranjar companhias menos virtuais, ou seja, algo como novos amigos?... É, parece uma boa idéia. Pelo menos na teoria e afins...

- música do post: "ideologia", Cazuza

2 comentários:

Teresa disse...

pow, vc escreve muito bem.

ah, e sobre o post; vc não está sozinho nessa... bão está mesmo hehehe

e, quer saber, assistir filmes até o final não tem graça... é bom ver pela metade porque desperta a imaginação... lembre-se que os melhores finais são aqueles q imaginamos. tanto nos filmes quanto na vida.

=*

Stella disse...

Engraçado, Alex, você falar sobre filmes e surf na internet. Porque também percebo que a maioria das pessoas gostam de fazer isso (ver filmes de madrugada enquanto todos dormem e ficar caçando coisas legais na rede!), mas, em geral, não confessam por acharem que as pessoas vão jogá-los esquisitos. Só que esquisita, diferente, estranha é a vida que estamos acostumados a viver com tudo certinho em volta de nós.

Sejamos diferentes! Façamos tudo diferente. São estas atitudes que nós tornam únicos, especiais, poderosos!

Seus textos são muito interessantes, inteligentes e criadores de reflexões!


Um abraço e continue escrevendo!assim