4.2.09

fundo d gaveta

...tenho lido bastante ultimamente. E pra mim isso tem sido novidade. Andava meio enjoado e de mal com a literatura, qualquer que fosse. No momento tenho devorado o que me cai no colo, costurando um texto n’outro e com vontade de retomar os meus próprios, talvez mais como exercício de estilo do que realização literária, o que há muito não encontro. E por que tô aqui dizendo isso? Sei lá, mas me deu uma vontade assim enorme de desabafar hoje... Desculpem-me, verdade seja dita, já que de mentira já bastam as que a gente conta pra gente mesmo o tempo todo né não? De modo que, por isso, acho que posso me fazer um desafio: em breve voltarei a postar nesse mundo um texto ficcional, digo, ficcional no sentido “literário” mesmo da coisa. Bom, o quanto de literatura terá eu não sei. Entretanto, quero muito acreditar que pelo menos um tiquinho terá (nem que pra isso eu tenha de me enganar um pouquinho. Afinal de contas, pra que servem as exceções às regras, hein?). Agora sério: de fato é muito difícil estar assim há tanto tempo sem escrever. Acho que, pra quem escreve, isso é mais do que claro, compreensível quanto aquele soninho que dá depois que a gente almoça. Dá uma dor, vai subindo uma coisa que cresce por dentro da gente até o momento em que se força a regurgitar-se, do jeito que estiver, seja como for. E é justamente essa espécie de comichão que eu venho sentindo nos últimos dias. Essa espécie de “não-sei-o-quê” que vai remexendo tudo por dentro e exigindo, demandando um espaço todo seu e que eu finjo não notar. Não dá mais. E talvez eu saiba o porquê de tanto esconde-esconde: é que escrever é um ato egoísta, tão egoísta que chega a ser altruísta... É paradoxal, mas é isso: escrever é o ato egoísta mais altruísta que há. E isso porque ninguém quer ser lido pelas traças, ou seja: escrever direto pro fundo da gaveta. O produto da escrita é, per si, destinado ao outro, mas o escrever em si necessita de um não dar-se muito corajoso; por isso escrever é, também, um ato de extrema coragem. Coragem de se voltar as costas para os demais e encarar-se a si mesmo. Quem faz isso sabe o quanto dá medo, o quanto se sofre, o quanto verdadeiramente dói. E eu andei tão covarde e com medo de mim nesses últimos meses... Enfim, o desafio está feito, a cabeça erguida e o cursor piscando de ansiedade. O que virá? Ainda não sei, mas que não será lido pelas traças, ah, não será não...

- música do post: “tente outra vez”, Raul Seixas

3 comentários:

Jaya Magalhães disse...

Alex,

Primeiro, um grito histérico-fino-feliz-acompanhadodeabraçoscompulsivos: VOCÊ VOLTOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOU!

\õ/

Tá, eu senti tua ausência e achei pura injustiça você ter sumido por tanto tempo. E não, não vou perguntar nada sobre a pausa. Os motivos são teus, e os respeito, todos. Importa é que você voltoooooooooou!

E esse post? Me deixou com água na boca. Manda brasa, Alex! Só pude vir aqui hoje, e sei que tem coisas que perdi. Pretendo tirar o atraso, numa folga qualquer.

Te beijo, com carinho.

[Contente por tê-lo, outra vez].

Teresa disse...

Livro é a melhor coisa do mundo.
Do mundoooooooooooo

=)

Bill Falcão disse...

Isso aí, Alex!! Gostei da atitude! Jeito pra coisa a gente sabe que você tem. Então, manda brasa!
Ainda mais tendo como fundo musical o Raul te dizendo: "Tente outra vez!"
Grande abraço!